Ontem, ao deitar no meu leito, fiquei a pensar em como as pessoas se relacionam hoje em dia. O medo de viver uma paixão, de se entregar á outra pessoa. O receio de compartilhar, de se abrir com alguém. Lembrei de algo que me disseram uma vez:
"A culpa foi minha, sofro de misantropismo.”
O individuo que me disse isso, talvez sofresse mesmo dessa enfermidade, ou por outro lado queria justificar a covardia de não encarar a vida de verdade, responsabilidades de uma vida á dois e etc...
Explico:
Essa característica de aversão à humanidade clinicamente diagnosticada é refugio para muitos. Sim, refugio!Muitos se utilizam desse artifício para esconder a preguiça de tentar se relacionar. As pessoas hoje em dia estão egoístas e é infindável o abismo que existe entre algumas pessoas. Muitas dizem que não tem paciência para aprender a dividir novamente. Ou que é melhor estar sozinho. Mas será mesmo isso?
Ou não será somente a preguiça de se abrir para alguém.A solidão só é boa quando visitante, como hospede esporádica. Como moradora é algo assustador.
Me perguntam se teria coragem de passar por tudo que passei novamente, se tenho vontade de casar de novo. Respondo de imediato: Sim quero me aninhar. Não tenho medo de sofrer ou tentar novamente.
Muitos dizem que são experientes e cultos. Mas na verdade nada sabem. Porque? Porque tem medo de viver. Não tem coragem de enfrentar a vida. De desvendar novos mundos e sentidos.
Para adquirir experiências é necessário viver.
Quem foge da dor, do sofrimento, da alegria e do amor realmente está fadado a viver como eremita.
Ironia da vida as coisas que nos acontecem.
Amores platónicos, amores malucos, paixões avassaladoras, mas tudo real, tão real que a dor por momentos passa a ser física.
As pessoas colocam na cabeça que tem que fazer as outras felizes e completas. Não se pode fazer outra pessoa feliz. Pode-se, sim, colaborar com ela na construção de sua própria felicidade. Não se dá o que é inalienável, inseparável, intransferível.
Não podemos nos prender a essa obrigação de felicidade alheia.
Devemos viver, estar junto, apoiar, compartilhar....
É utópico? Sim um pouco, pois é raro um ser humano que deseje isso.
É tão mais fácil cada um na sua casa...
Depois do sexo toma-se banho, coloca a roupa e segue para sua morada sem se preocupar com mais nada. Somente em si mesmo. Necessidades carnais sanadas, nada mais nos prende ao outro.
Esquecem-se que a melhor sensação não é de ser cuidado, e sim de perceber que você pode ser cuidado se for preciso. E é essa segurança que nos faz viver melhor, de maneira mais humana e amorosa. Sinto mais prazer em ver quem está comigo bem e feliz do que eu estar aninhada em seu colo.
Não quero dizer o que é certo ou errado.Muito menos emitir parecer de juízo.
Nem fazer auto-promoção ou discutir o egoísmo.
Tão somente escrevo que hoje é difícil compreender o ser humano.
Bicho esse que se tornou independente, egoísta e solitário.
Bicho esse que se tornou independente, egoísta e solitário.
Esse egoísmo nosso de cada dia que provoca a tão chamada solidão.
É egoísmo pensar somente em nós próprios como centro do mundo.
É egoísmo construir um mundo fechado que nos isola das oportunidades que a vida pode oferecer.
Não falta quem pergunte o porque do ególatra.
Do porque de sua existência e o porque deixamos ele tomar conta de nós.
Ele pode ser considerado um frio que vem de dentro. Mas que eu quero extinguir.
Sou o avesso do misantropo.
Quero esquecer o salto alto do egoísmo.
Quero viver intensamente... compartilhar, dividir... ser dois...
Será isso um delírio?
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